segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sagatina de Zé Bebelo.

Agora - e os outros? - o senhor dirá. Ah, meu senhor, homens guerreiros também tem suas francas horas, homem sozinho sem par supre seus recursos também. Aleijados de amor. Como se anda faltando uma banda do coração?

Clandestinos... Os que têm amor são os que participam um pouco mais da vida. Mas, como o amor é a desilusão de tudo o mais, poucos amam, porque a maioria não suporta perder as outras ilusões. “Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor.”

- Como é que ele se chama? Perguntou a princesa
- Não tem nome não. Mas vou botar um nome nele.
- Bote Pirundo. Sugeriu ela.
- Boto nada. Vou procurar um nome bonito na Geografia. A propósito, aquele rio que se fehca não chama Zé Bebelo?

Hoje sei que eu tinha rãzão, e por quê. Os adolescentes da minha geração, ávidos pela vida, esqueceram de corpo e alma as ilusões do porvir até que a realidade ensinou a eles que o futuro não era do jeito que sonhavam. Eu dei. Dei muito. Engrevidei. Faz parte do processo. Agora procuro um nome e dar nome é quase dar uma moral.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Antes ele do que eu.

As telhas apodrecidas se despedaçaram no estrondo de desastre e o homem mal conseguiu lançar um grito de terror e fraturou o crânio e morreu sem agonia no chão de cimento.
- Morreu, vou dizer o que? O home já morreu mesmo. Boa sorte, né... Daqui pra frente. Seja feliz se puder, no chão de cimento.
- Vou morrer de novo. Pra aprender o que é saudade. Vou seguir os conselhos dos amigos.
Morreu com seu casaco de linho branco, fumando. Era um travesti que se chamava Pirolito. Morreu porque na casa ao lado a vizinha não aquietava, cantava:
- Pirolito que bate bate... Pirolito que já bateu.
Qualquer música que me tire da alma, qualquer coisa que não vida no chão de cimento. Da última dança vivida com seu casaco de linho branco, que eu não sinta o coração. Morreu sem sentir agonia.
Mesmo morto, maldito, continua fumando. Saudade fumaça - enquanto o destino mo conceder, continuarei fumando. A saudade é meu mais novo e silencioso amigo. Por mais raro que seja, ou mais antigo. A saudade preta vem lá de longe, como um gatuno pra te espiar. Dorme devagar no chão de cimento. A vida é efêmera - momento de graça - e a saudade continua, persiste, enraíza. A tragédia deixa a gente grande.
Se de fato for verdade (.) (!) (?)
(Começo a ter minhas dúvidas)
E se você correr os olhos...
Sim, estou seguro. Acabaram-se os bons velhos tempos.
Uma questão permanece e a vontade de verdade, que ainda me fará correr não poucos riscos, se chama saudade. Esta que sinto me traz a vontade de estar tão só e ao mesmo tempo acompanhado...
O morto pensa, o morto diz:
- E por quê não me alegraria? Eu gosto de ser avacalhado e sincero. Eu amo.
Sabe-se que nascemos proporcionados a nossas ações e estas, quando deflagram amor, encontram sua medida em nosso ser. Se chamava Maurício Babilônia, com seu costume de linho, costumava se virar para olhar, não para ver. E olhou pra trás, encarou sua sombra e disse:
- Não, tu não és um sonho, és existência.
Acabaram-se os bons velhos tempos: era necessário dureza e serenidade mais que a qualquer outro homem.